REALIDADE INVENTADA

"Nao quero ter a terrivel limitacao de quem vive apenas do que e passivel de fazer sentido. Eu nao: eu quero uma realidade inventada."

Clarice Lispector




quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Vivendo e aprendendo...


Logo que voce chega num pais diferente, tudo e um desafio.. pegar um onibus, pedir informacoes, fazer compras, tudo e mais dificil, requer esforco. E mesmo prestando atencao, tem vezes que nao tem como evitar passar uma vergonha basica, digamos assim..

Prova disso foi a minha primeira visita ao super mercado. E olha que pra evitar maiores danos, fui munida de guia, minha roommate brasileira que ja morava aqui ha meses.

Pra comecar que chamar de super mercado os mercados daqui ja e uma licenca poetica por si so. Existem algumas grandes redes, mas os mercados que ficam nos bairros na maioria estao mais pra mercearia, com pouca variedade e precos laaaaa em cima. Vale a pena separar um dia na semana e ir ate um mercado maior, pra comprar tudo de uma vez e economizar uns eurinhos..

Bom, la estou eu, entrando na quitanda no mercado toda feliz, quando minha amiga pergunta:

- Voce quer usar cestinha ou carrinho?

- Carrinho e melhor ne..

- Entao ta. Voce tem uma moeda?
- O queeeeeee? Tem que pagar pra usar o carrinho? Entao eu nao quero, que palhacada, pega a cestinha mesmo!

Pausa nas compras para amiga explicar que voce usa a moeda para pegar o carrinho, e depois quando devolve o carrinho pega a moeda de volta. Aaaaaah ta entao pega o carrinho mesmo.. Vergonhinha basica n.1!

Proximo passo: gastar horas e horas tentando achar tudo que eu queria (Tabajara translator mode on), e tentando entender a logica da prateleiras (do tipo: mas por que esse queijo cheddar fica perto da manteiga, mas queijo provolone fica em bacao separado?)

 Depois de esgotar as possibilidades de exploracao do mercado - e  a paciencia da minha amiga - eu tenho uma brilhante ideia:

- O que voce acha de comprarmos uns vinhos pra celebrarmos minha primeira semana aqui?

- Ah, nao da.. eles nao deixam a gente comprar!

- O queeee... mas que absurdo, nao tenho direito nem de comprar um vinho agora nesse pais! Que falta de respeito!

- Naaaaaao... e que ainda nao sao 10 horas da manha, aqui so e permitido comprar bebida alcoolica apos esse horario.

- Aaaaaah ta.. entao a gente volta depois. - vergonhinha basica n.2

Finalmente conseguimos terminar as compras e ir para o caixa... Chegando la a mocinha pergunta:

- Vai querer sacolinha?

Duh, mulher idiota, naaao.. vou carregar na mao mesmo!

- Sim, quero sacolinha, por favor. Duas.

- Sao mais 0,44 centavos!

O queeeeee (de novo)... vao me cobrar pelas sacolinhas tambem? Mais de um real so pra guardar as compras, sendo que to cheia de sacolinha em casa? (tinha acabado de chegar e ainda estava naquela fase em que a gente fica convertendo tudo pra moeda antiga)...

- Ah, nao, entao deixa.. a gente nao precisa nao precisa, ne?

Minha amiga me olha com cara de quem quer sumir... Vergonhinha basica n.3.. Bom, agora ja foi ne.. La vamos nos pra casa, carregando minhas recem compradas comidinhas na mao ate em casa (ainda bem que era so atravessar a rua).

A experiencia foi um pouco traumatica, mas altamente educativa do meu ponto de vista, tanto e que agora nao saio de casa sem minha super sacola de compras (generica da "I'm not a plastic bag", mas na minha o g caiu, entao ficou "I'm not a plastic ba"), em caso de eventualidades. Ja a minha amiga nao gostou tanto da experiencia, tanto e que demorou um bom tempo pra dar as caras no mercado comigo de novo...

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