REALIDADE INVENTADA

"Nao quero ter a terrivel limitacao de quem vive apenas do que e passivel de fazer sentido. Eu nao: eu quero uma realidade inventada."

Clarice Lispector




sexta-feira, 28 de outubro de 2011

The Hurricao.

Quem acompanha o blog, sabe que ja contei aqui que eu e marido decidimos aumentar a familia e adotamos mais um filhotinho. Tambem contei que ele era um coitadinho, todo pequenininho e maltratado, que mais parecia o Bambi aprendendo a andar...

Pois eh, algum tempo depois, o meu filhotINHO, todo pequeninINHO, coitadINHO, se recuperou 100% e de INHO naotem mais nada. Se recuperou pra irar um safado comedor de sapatos e assassino de bichinhos de pelucia. Agora, chegar em casa do trabalho todo dia eh uma emocao, ja que a gente nunca sabe em que estado vai encontrar a casa. Eu ainda me espanto alguns dias que tenha sobrado alguma casa at all, porque a sensacao que eu tenho eh que ele ja transformou em pedacos tudo que nao era concreto ou cimento.

Nao contente em enfiar os dentes na casa toda, o bonitao tambm nao perdoa a irma: morde, puxa, derruba a pobrezinha da Bellinha, que vai aguentando tudo o dia todo, ate que chega uma hora que explode e da uns berros pra espantar o chato. Sabe como eh, paciencia tem limite. Ate paciencia de cachorro.

Ainda bem que tenho um marido quase santo, que nao se importa de levar pro parque, limpar bagunca e evitar catastrofes causadas pelo furaquinho (enquanto eh filhote eh furaquinho, se continuar assim quando crescer, vira furacao mesmo). Ja eu, ando mais eh me preocupando em salvar meus preciosos sapatinhos, e me perguntando por que foi mesmo que nao escolhemos adotar um peixe...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O mundo eh pequeno..

Mas nao pra quem esta de um lado dele,com as pessoas mais importantes de todas do outro.

A parte ruim de ter as pessoas mais lindas do mundo como familia, eh que a saudade nao para de doer nunca. Mas tem dias que ela doi demais,e extravasa o coracao, a ilha, o oceano, e leva meu coracao la pra uma cozinha perdida numa cidadezinha de nada, com cheiro de comida gostosa e som de gente feliz.

Nesses dias, fica mais dificil lembrar que o mundo eh tao pequeno. Nesses dias cada quilometro dobra, triplica, multiplica. Nesses dias, eu choro.

No dia seguinte, eh um dia novo. Como me ensinou minha mae, me permito ficar triste por um dia, so um dia, e depois olho pra minha ilha linda e fico feliz com a vida que construi pra mim.

Mas por enquanto, eh so hoje. E me permito chorar.

sábado, 22 de outubro de 2011

Dos frances e do senso fashion.

Minha lua-de-mel nao foi minha primeira visita a Franca, mas acho que foi a primeira vez que tive a chance de sentar, contemplar,e reparar de verdade no povo que vive na capital mundial da moda.

Eu ja tinha a minha opiniao sobre homens franceses, porque tive a chance de conhecer alguns no meu tempo por aqui... O estereotipo que se faz dos franceses nao esta muito longe da verdade: Eles realmente tem um ar de metrossexual, cabelnho mais comprido, oculos de armacao fina.. tudo pra reforcar aquele ar de "intelectual/fashion/aprecio as coisas boas da vida" que a maioria tem. Sim, eles sabem se vestir como nenhum outro homem que ja vi. Sim, eles usam oculos de sol mega finos, e carregam bolsas masculinas maravilhosas ao inves de simples mochilas de adolescentes como a maioria dos homens faz. Mas simplesmente nao sao pro meu gosto. Sao como os queijos franceses fedidos, caros, chiques e famosos no mundo inteiro, mas eu ainda acho que eles tem um gosto esquisito, e prefiro um bom cheddar. Claro que eh uma coisa pessoal, e tenho certeza que esta cheio de gente que acha os franceses modernos e sofisticados. Mas pra mim, existe uma linha muito fina que separa homens com senso fashion de homens que sao tao vaidosos que acabam tendendo ao feminino. E pra mim, no caso dos franceses, essa linha eh um cachecol. Desses bem fashion, cheio de cores da estacao e designs de estilistas.

Ja as francesas sao uma historia completamente diferente. Conto aqui sem vergonha nenhuma que nao consegui evitar minha inveja. Voltei de Paris me perguntando como estaria meu senso fashion se tivesse escolhido a Franca ao inves da Irlanda pro meu intercambio. Querendo mudar meu nome pra Milena Kinsellet, com biquinho pra falar no final. Nao me cansei de admirar a simplicidade chique das roupas, os cabelos modernos, a maquiagem impecavel (e discreta). Perto delas, me senti a mulher mais sem graca do mundo, nos meus jeans e all star. E as irlandas, coitadas, me pareceram peruas vindas direto dos anos 80, cabelo armado e a maquiagem pesada, prontas pra estrelar em "Rainha da Sucata".

Fato eh que Voltei pra Irlanda com a auto-estima seriamente abalada, e com vontade de comprar umas revistas francesas pra pegar umas dicas de moda. E o dano so nao foi maior porque marido, que sempre sabe como me deixar feliz, me mostrou durante a viagem alguns exemplos de "beleza natural" (e por natural, leia-se sem depilacao) debaixo dos bracitchos dos meus idolos fashion. Hm, pelo menos em um ponto, ainda sou muuuuito mais o Brasil!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Causos da minha lua-de-mel...

De volta da versao Kinsella de visitar Paris: 20 minutos de passeio, pausa de 4 horas no cafe pra tomar vinho, provar queijos, pates e baguetes, e apreciar a cidade.. Turismo mesmo, neca. Claro, ainda fizemos algumas visitinhas obrigatorias: cafe na frente da torre Eiffel, cafe do lado do Louvre, cafes diversos em Montmartre, etc.. mas podem me chamar de filisteu, mas minha ideia de lua-de-mel perfeita nao inclui filas eternas para se espremer em frente de obras de arte tentando tirar uma foto.

Os dias foram tranquilos.. Ja a nossa primeira noite da lua-de-mel foi pra la de emocionante, e nao no sentido que se podia esperar. Dormindo o sono dos turistas (aqueles de pedra), quando as tres e meia da manha acordo com o coracao disparado, o mundo vindo abaixo, com o alarme de incendio do hotel disparado.

Agora a realizacao: se fosse um incendio de verdade, eu e marido seriamos so cinzas a essa altura. Primeiro porque deixamos o alarme tocar por meia hora antes de sair da cama, pra ver se nao era "pegadinha do Messieur Mallandro". Quando finalmente decidimos que estavamos praticamente pedindo pra virar churrasco, marido mostrou seu lado civiziliado se recusando a sair do quarto de pijamas, e la se foram outros 20 minutos ate ele se vestir, achar sapatos, passar gel no cabelo e se sentir bem vestido o suficiente pra fugir do fogo.

Quando finalmente saimos do quarto, quase uma hora depois do alarme comecar a soar, nos deparamos com um quadro que parecia saido diretamente do Zorra Total, ou outro desses programas de comedia bem chule: pessoas em pijamas, roupoes, e ate um cidadao so de Zorba branca, mulheres de maquiagem borrada, todo mundo se olhando com cara de constrangido, com medo de 1. o hotel estar mesmo pegando fogo e todo mundo morrer no meio de desconhecidos em Paris, de pijamas (e cuequinha branca), e 2. medo de ser so um alarme falso, e todo mundo estar vivo e tendo que se encarar no cafe da manha no dia seguinte, tentando ignorar o que os momentos constrangedores divididos na escada de incendio.

Como estou aqui escrevendo a historia, eh facil adivinhar qual das duas possibilidades se revelou verdadeira. So digo que, na manha seguinte, eu achei que era mais vantagem pro resto do meu orgulho pular o cafe da manha e ir direto pra parte onde passeamos pela cidade em meio a pessoas desconhecidas a quem eu nunca tive que ver em roupas intimas.

Pior parte da historia: eh tudo verdade. Ah, Paris, cidade-luz, dos poetas, dos amantes, e dos detectores de fumaca ultra-sensiveis...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Crianca fala cada coisa...

Estou aqui fazendo minhas malas: amanha, com tres meses de atraso, finalmente vou ter minha esperada lua-de-mel. Como minha familia veio pra ca durante o casamento, acabei gastando os dias de folga que peguei pro casamento matando a saudade de quem mora longe... Agora consegui tirar uma folguinha, pra voar pra Franca com o marido, e aproveitar merecidos dias de chamego.

E claro, nao podia estar mais feliz.. Eu sempre fui uma romantica de carteirinha, do tipo que suspira por ualquer filme agua com acucar, e acredita em historias com final feliz. E o fato eh que sempre fui assim, desde pequenininha.

Desde pequenininha tambem, vem meu gosto por escrever. E foi assim que acabei escrevendo, quando tinha so oito anos, uma carta pra mim mesma. Pra eu ler quando eu ja fosse "grande". Uma cartinha contendo todas as coisas romanticas que a Eu de oito anos esperava que a Eu do futuro tivesse vivenciado..

Esses dias sentei para ler de novo, e dar risada com os sonhos que tinha para meu futuro vinte anos atras (vinte e dois, mas deixa pra la). E claro, como toda crianca, eu tinha os sonhos mais exagerados, as fantasias mais fantasticas, e tambem as ideias mais estapafurdias.

Aos oito anos de idade, olha so que ingenuidade, eu acreditava que iria encontrar amor a primeira vista. Nos apaixonariamos ao primeiro olhar, e ficariamos juntos para sempre, nem um diazinho separados. Me casaria numa ilha, de frente para a praia. Passaria a minha lua de mel em Paris, a cidade mais romantica do mundo. E iria morar numa terra magica e distante.

Ah, e eu ia ter tudo isso antes de completar meus 15 anos.

Fazer o que, eu era uma crianca romantica e sensitiva sobre o futuro. Mas muito ruim em matematica...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Sushi-Mi.

E como eu gosto de compliccar, minha comida favorita no mundo inteiro eh sushi. E porque nao existe sushi de batata, esse nao eh um prato muito popular aqui na Irlanda. Os poucos restaurantes japoneses que existem por aqui sao caros e nao oferecem muitas opcoes..E eu SONHO com os rodizios de sushi que eu ia dia sim dia tambem no Brasil.

Como em momentos de crise tem os que choram e os que vendem lenco, decidi que ja era hora de parar de reclamar da saudade, e fazer algo a respeito. E foi assim, com a cara e a coragem, e munida apenas de videos do Youtubiu, eu decidi que ia aprender a fazer sushi.

Visitinha a loja de produtos asiaticos para comprar arroz de sushi, algas e apetrechos diversos para minha aventura. Como sou mao de vaca determinada, desisti de comprar a panelinha de fazer arroz, as facas Ginsu especiais de sushi, e decidi que ia ser uma sushi woman a moda antiga.

A experiencia teve altos e baixos. Acertei o arroz direitinho ja de primeira, sem panelinha mesmo, e fiquei toda orgulhosa. Ja o pobre do salmao foi retalhado sem do nem piedade, e o resultado final foi quase um picadinho de peixe.

O resultado final voce ve ai embaixo. Ficou uma DELICIA! E eu juro que ficou bonitinho, e se eles estao com a cara meio amassada eh mais pela minha falta de habilidade como fotografa do que como cozinheira.

Ja a trabalheira que da.... eh quase mais rapido e menos cansativo viajar o caminho de volta ate o Brasil e ir direto no meu restaurante favorito de uma vez...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Eu gosto eh de tiozinho...

Pelo menos quando o assunto eh musica... nao eh de hoje que sei isso: criada por pais boemios, nao eh surpresa que muito do meu gosto musical tenha sido herdado das noites caindo no sono ao som de Tom Jobim, Chico Buarque e Joao Gilberto.

Ja na adolescencia, embalei minha fase "rebelde sem causa" com bandas que ja eram rebeldes ha muitos e muitos anos: Black Sabbath, Kiss, Led Zeppelin, Pink Floyd...

Fui passando por fases: big bands dos anos 30 na minha fase jazz, brit rock dos anos 80, grandes classicos como Beatles e Rolling Stones. E enquanto a minha colecao musical foi se enchendo de "velharias", nenhum, mas nenhunzinho artista contemporaneo entrou na minha selecao no iPod.

Pra soar mais velhinha ainda, nem me dei ao trabalho de conhecer os "idolos" que estao fazendo as manchetes do mundo musical no Brasil ultimamente. Restart, Luan Santana, Claudia Leitte, Jorge e Mateus.?.. nunca nem ouvi. Nem quero ouvir. Alias, sertanejo universitario?  Serio mesmo? Me perdoem os caubois e "cauboias" deste mundo, mas tocar musica sertaneja em publico deveria ser considerado contravencao, poluicao sonora sem tirar nem por.

E como boa admiradora de dinossauros do rock que sou, a chance de ver um PUTA show. Mas um PUTAAA show: Mark Knopfler abrindo o show para o Bob Dylan. 4 horas assistindo duas lendas esbanjarem nao so talento e disposicao, mas uma qualidade tecnica e musical que poucas vezes tive chance de prestigiar. E cercada por uma plateia de moleques de cabelo colorido, executivos engravatados vindos direto do trabalho, e senhores e senhoras de cabelos brancos e alma jovem, mostrando que musica boa eh uma das maiores demonstracoes de democracia que alguem pode presenciar.

Watch and learn, Justin Bieber, watch and learn...

Marido e eu no show das lendas!

domingo, 2 de outubro de 2011

Pianinho pianinho...

Das saudades inesperadas que me acometem de vez em quando desde que me mudei pra Irlanda, uma eh recorrente nos domingos, principalmente os chuvosos: a saudade do meu piano.

Comecei a tocar aos 6 anos de idade, e mesmo tendo deixado as aulas ha mais anos do que gostaria de lembrar (ou contar, pra ser sincera), vira  e mexe sentava pra tocar alguma coisa, principalmente quando estavava me sentindo um pouco tristinha ou precisando por pra fora algum sentimento. Depois da partida dos meus avos queridos pro lado de la, o piano se tornou ainda mais simbolico pra mim, uma maneira de entrar em contato com momentos que ja nao existem mais, e com lembrancas especiais...

Agora, sem valvula de escape, me transformei nessa chorona que vos escreve. E em dias melancolicos como o de hoje, com a chuvinha caindo la fora e milhoes de pensamentos na cabeca, fico desejando que tivesse meu piano aqui comigo pra me fazer companhia.

Pra ser bem sincera, a pratica ja se foi ha muito tempo, e na minha ultima visita ao Brasil mais errei do que acertei na melodia das musicas. Mas a sensacao de paz que o piano me traz, isso nao mudou.

Me perdoem o "deslize sentimental", mas vou postar um videozinho da minha ultima tentativa de assassinato de um classico musical.  E por favor ignorem o modelito praia, estava um calor de 43 graus no meu Brasil brasileiro, e a compostura tinha sido perdida uns 5 graus atras!


sábado, 1 de outubro de 2011

Milena Kinsella Rainha do Lar.

Vira e mexe ganho umas alfinetadas da sogra porque so cozinho "comida brasileira" pra marido (por comida brasileira entenda-se qualquer coisa que nao seja carne assada com vegetais). Macarronada, strogonoff, pimentao recheado, tudo ela acha esquisito, e olha pra marido com cara de do, por estar sendo submetido a tantos maus-tratos culinarios (mesmo marido dizendo, em off, claro, que prefere mil vezes minha comida do que a dela).

Pra calar a boca da sogra mostrar minha versatilidade culinaria, hoje decidi por meus dotes a servico da cozinha irlandesa, e servir de almoco o tradicional Fish ann Chips. Na verdade o prato (que nao passa de um peixe a milanesa com batatinha metido a besta) surgiu na Inglaterra, mas foi totalmente incorporado pela culinaria irlandesa, onde sofreu algmas alteracoes (como o uso de Guinness na receita do batter, a mistura pra casquinha milanesa do peixe).

A minha receita fiz bem tradicional, acompanhado de molho tartaro e tudo. E oh, nao eh pra me gabar, mas ficou melhor que do que o servido em muito pub por ai.



Ta ai... marido ficou todo feliz com o almoco,  eu mostrei que esposa brasileira manda bem em qualquer cozinha do mundo. Agora a sogra que aprenda a cozinhar um belo bife a parmegiana, e ai a gente volta a conversar...

Lucky strike

E levanta a mao quem esta se sentindo com sorte, e amando o emprego novo.. eeeeeeeeeeeu!

E quem esta mega empolgada com os convites de happy hour, os varios amigos novos vindos do mundo inteiro e a chance de trabalhar numa area que adora... eeeeeeeeeu!

E quem esta tendo um ataque nerd de alegria com a chance de trabalhar numa multinacional em outro pais, e aprender varias coisas novas sobre um setor que adora.... eeeeeeeu!

Agora levanta a mao quem pegou a maior gripe  logo na priimeira semana de trabalho e passou quinze dias indo da cama pro trabalho e de volta, e ganhou fama de espalhar ermes pelo departamento novo... eu!

Fooooom.. lucky strike fail, mas no final acho que o saldo ainda esta poitivo.

AINDA, eu disse. Sem mais mudancas, por favor.