REALIDADE INVENTADA

"Nao quero ter a terrivel limitacao de quem vive apenas do que e passivel de fazer sentido. Eu nao: eu quero uma realidade inventada."

Clarice Lispector




domingo, 7 de novembro de 2010

Alivio imediato.

Esta semana namorido acabou com uma infeccao depois de tirar o dente do siso. Dias de inferno, passados a base de sopinhas e analgesicos. E noites e noites em claro, com gemidos de dor, promessas de morte e gritos de desespero (meus, no caso, depois de ser acordada pela terceira noite pelos lamentos de namorido), e pausas recorrentes para jogar videogame por horas a fio.

Obviamente, o videogame possui poderes curativos inexplicavelmente ignorados pela medicina moderna. Porque todo o desespero, toda dor e quase-morte causados pela infeccao sao gradualmente diminuidos a cada nova partida de Modern Warfare jogada por namorido. Enquanto cientista, se um dia eu fosse, me dedicaria a isso: comprovar a influencia benefica do videogame na recuperacao de doencas em individuos masculinos. Possivel premio Nobel de Medicina, com todos os nerds do mundo aplaudindo em pe na primeira fila, felizes por finalmente encontrarem uma justificativa valida para todas as horas perdidas investidas em combates pelo universo e assassinatos de zumbis.

De qualquer jeito, melhor pra mim. Se o videogame e assim tao milagroso, isso significa que nao preciso me sentir culpada por ir dormir ao inves de ficar de enfermeira noite apos noite. Deixo para a Nintendo a responsabilidade sobre a saude de namorido. No fim das contas, acho que a experiencia vivida nesta semana tem valor antropologico: demonstra que homens doentes sao iguais em qualquer parte do mundo...

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