REALIDADE INVENTADA

"Nao quero ter a terrivel limitacao de quem vive apenas do que e passivel de fazer sentido. Eu nao: eu quero uma realidade inventada."

Clarice Lispector




sexta-feira, 29 de julho de 2011

Qual eh o nome do filme?

Desde que visitou o Brasil, marido e eu criamos uma nova brincadeira favorita. Comecou quando ele viu o poster do filme "Se beber nao case" em cartas nos cinemas. Pra quem nao sabe, o nome original do filme eh "The Hangover", cuja traducao seria "A Ressaca". Nao entra na cabeca do marido (pra falar a verdade na minha tambem nao) a razao dessa "liberdade criativa" na hora de passar os nomes dos filmes pro portugues. E dai pra frente virou meu maior passatempo ficar contando pra ele os nomes dos filmes em portugues so pra ver a cara de indignacao dele, e ver ele falar "mas eles estao contando toda a historia do filmeeee.."

Ontem foi um desses dias em que eu estava entediada, e decidi irritar entreter marido com a nossa prolifera producao de titulos bizarros:

- Amooor.. ja te contei como eh o nome de "Memento" em portugues? Amnesia!

- Mas.. eles ja estao contando a historia do filme! Por que fizeram isso? Nao era pra saber o que estava acontecendo assim logo de cara!

- Nao sei porque.. vai ver que acharam melhor explicar.. E sabe "The Sound of Music"? No Brasil chama "A Novica Rebelde".

- Olha ai, to falando! Contaram a historia de novo! Eu acho um ABSURDO que eles achem as pessoas tao burras a ponto de terem que exlicar o titulo do filme.

- Sei la.. nunca parei pra pensar nisso (me faco de besta pra poder continuar a brincadeira). Sabe "The Graduate"? Chama "A primeira noite de um homem" (tenho que confessar: nas horas vagas dou uma pesquisada em titulos esdruxulos so pra ter chance de contar pra ele depois).

- Ah nao... acabam com a surpresa de novo! E Forrest Gump, como chama?

- Chama "Forrest Gump, o contador de historias."

- Claro, porque saber so o nome dele no titulo como no resto do mundo nao era bom o suficiente pros brasileiros...ai ai ai.. E Pulp Fiction?

- Tempo de violencia...

- Tempo de violencia? Teeeempo de violencia? (mexer com o Tarantino pra ele ja faz o assunto ficar serio)... Ah, nao, estao de palhacada! Nao quero mais saber, voce esta estragando os filmes pra mim.

- Ai, que chato.. Ta bom, vou contar so mais um entao.. Adivinha como chama "Airplane" em portugues?

- Hm, do jeito que as coisas sao, "Airplane" deve chamar "O voo em que os passageiros tiveram que aterrisar o aviao e quase morreram mas nao morreram no final" (com cara de deboche)

- Quaaaaaase acertou, amor! Chama "Apertem os cintos.. o piloto sumiu!"

- NAAAAAAAAAO!

E eh isso. Ele fica bravo de verdade porque acha um ABSURDO essa "licenca poetica" utilizada pelos tradutores, e nao quer mais brincar. Uma pena, porque nao tem nada mais engracado que ver a cara dele tentando entender a logica torta dos nossos criativos publicitarios!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Meu aniversario de "novo eu".

E hoje completo 2 aninhos de Irlanda! 730 dias de uma vida nova, mas podia muito bem ser 7300, de tanta coisa que aconteceu.

Vim para ganhar uma experiencia de vida, e acabei ganhando toda uma vida. Uma nova casa e um grande amor. Amigas novas que eu nao podia querer melhor, e tambem a chance de me aproximar, apesar da distancia, de amigas antigas que se perderam no caminho por alguma razao.

A Irlanda me deu de presente tudo que eu jamais pensei que teria, e coisas que eu nem sabia que precisava. Me deu eu mesma de volta, inteira, em paz e feliz.

E eu em troca dou a Irlanda, a cada dia, todo o meu amor.  Eu nao quero saber dos defeitos, da distancia, do que nao eh perfeito por aqui. Acolhi esse pais no meu coracao da mesma maneira que ele me acolheu: incodicionalmente, do jeito que eh. O Brasil vai ser sempre a minha casa, mas a Irlanda se tornou meu lar.


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Eu tenho medo da moda verao.

Eu sempre falei que gosto mais do frio. Acho que o frio eh mais confortavel, o frio eh mais produtivo, mas principalmente O FRIO EH MAIS BONITO. Nunca tive namorado surfista porque nada me broxa mais do que homem de regata e chinelo, exibindo com orgulho o pe sujo de areia e o sovaco cabeludo (bleeeergh).

Voce pode cair no erro de pensar que na Europa o povo eh chique benhe, e o verao eh mais estiloso, mas nao. Eh so a temperatura subir, e eu comeco a passar susto na rua, vendo o que passa por fashion quando o sol aparece.

Roupa, por exemplo, eh superfluo: quanto menos, melhor. Nao importa se o verao irlandes fica ali pelos 15 graus, se ta sol, nao precisa de casaco. Se esta mais de 18 graus, entao, um vestidinho tomara-que-caia (justo, curto, decotado e transparente, de preferencia) eh super apropriado. Tenho ate medo de ver a temperatura chegar nos 30 graus um dia, tenho CERTEZA que vai ter gente indo pro trabalho de biquini.

Essa falta de roupa toda nao seria tao ruim (taaaaao ruim, eu disse) se nao fosse pra exibir a maior diversidade de fake tans de que ja se teve noticia. Ninguem, eu disse NINGUEM no mundo, nem Picasso ou Van Gogh podiam imaginar que existem tantas variacoes e matizes diferentes de tons de laranja. Todos em exibicao em uma so perna, as vezes. Tipo um cruzamento entre 101 Dalmatas e comercial de Fanta Laranja.

Enfim, apesar de gostar do solzinho la fora, nao consigo evitar uma certa nostalgia dos casacos phynos e das botas de salto que invadem as ruas durante o inverno.

Eu, como mulher de classe que sou, me recuso a adotar a moda, e poupo o mundo do desgosto de ver minhas pernas branquelas adotando uma classica meia-calca ao me arrumar de manha, ao inves de apelar para a quimica de Oompa-Loompas. Acho mais digno!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Show do Morrissey: meu direito de resposta.

E ai que a gente cria as amigas com tanto carinho, oferece amor, oferece vinho, oferece INGRESSO DO MORRISSEY porque sabe que elas vao ficar felizes,  e o que a gente recebe? Acaba vitima de um plano maligno!

Vejam se voces nao se comovem com a minha historia... Um tempinho atras, fiquei sabendo por uma amiga que meu artista favorito, campeao de repeats no meu iPod e trilha sonora das minhas baladinhas favoritas em SP, estava vindo pra Dublin. E assim, com um olho nas planilhas e o outro na tela minimizada no site da Ticketmaster, consegui garantir nao um, mas DOIS ingressos pro show, antes que eles se esgotassem (o que aconteceu em menos de 9 minutos).

Como com essa historia de casada, tudo que eh meu eh seu e blablabla, acabou que ex-namorido ficou com o segundo ingresso pro show. Mas fiquei com um certo remorso com essa historia de levar ex-namorido, ja que minha amiga N., que tambem queria ir no show e eh MUITO MAIS FA do Morissey do que ele, nao conseguiu comprar ingressos para ir tambem.

O tempo passou, o assunto ficou de lado, mas eeeeis que no ultimo sabado, durante um jantar com N. e o marido, o tema "shows" foi trazido (insuspeitamente, pensei eu) na conversa. Aparentemente, marido de N. estava muito animado para ir no show do Roger Daltrey, vocalista do The Who, mas (violinos tocando musica triste ao fundo) nao tinha companhia para ir, e ia perder o evento.

Como sou uma pessoa de coracao mole, e estimulada pela historia triste (e por algumas tacas de West Coast Cooler), tive uma brilhante ideia: porque ex-namorido nao vai com ele no show do Roger Daltrey, ja que os dois sao fas? Ai minha amiga N. pode ir no show do Morrissey comigo na sexta, e fica todo mundo feliz!

Fui dormir toda feliz comigo mesma, orgulhosa da minha criatividade para encontrar solucoes e deixar todo mundo contente e com a agenda de shows em dia, ate que hoje, ao chegar na internet, me deparo com isso. O que eu pensei  ser apenas um rompante de generosidade da minha parte, era na verdade  o fruto de uma manipulacao inescrupulosa, e minha sugestao inocente na verdade foi o resultado de um complo orquestrado contra mim.

Agora vou falar a verdade aqui. Se eu nao 1. estivesse mega master blaster excited para o show, e 2. achasse que vou me divertir muito mais com ela do que levando o fa duvidoso que ex-namorido se revelou, juro que levava um pacote de Baconzitos pra comer bem na frente do palco, pra fazer o cantor reclamar do cheiro de "coisa morta sendo comida" e interromper o show no meio! E ai queria ver quem ria por ultimo...


domingo, 24 de julho de 2011

Num dia de domingo...

Ninguem pode dizer que ex-namorido e eu nao estamos aproveitando a casa nova, e especialmente o fato de que estamos bem na frente do mar.

Tudo bem, nao estamos falando de nenhuma Copacabana, com areias escaldantes para banhos de sol e botequinhos a beira-mar para uma caipirinha. Mas isso nao quer dizer que nao da pra pegar uma praia nos domingos de sol do nosso pseudo-verao irlandes.

Eu hoje, pela primeira  vez desde que cheguei a Irlanda, arrisquei um pezinho na agua (gelada) que banha a Irlanda. Ja senhorita Bellinha nao esta nem ai pro frio, e aproveita as manhas na praia para aperfeicoar sua versao de nado cachorrinho.

Ventinho gelado a parte, nada como uma caminhada ao por-do-sol a beira do mar para encerrar o fim de semana. Familia Kinsella recomenda.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Como irritar seu marido irlandes em uma licao!

Para as pessoas sadicas (como eu) que sentem prazer em testar os limites da paciencia de seus irish, aqui vai uma licao em como irrita-los de maneira pratica e efetiva.

Marido: Voce viu o jornal hoje? Ja confirmaram os shows previstos para o Arthur's Day deste ano! Ah, mal posso esperar pra chegar setembro, vou pro pub bem cedo!

Eu: Ta ai uma coisa que eu nao entendo.. Arthur's Day. So fica todo mundo bebendo no pub, por que tanta animacao?

Marido: Como assim nao entende? Todo mundo se reune no pub pra comemorar o aniversario do fundador da Guinness!! Eh uma celebracao!

Eu: Ta, mas qual eh a graca? Como se todo mundo fosse esperar o  Arthur's Day pra ir pro pub beber!

Marido: Como assim qual eh a graca? Todo mundo vai pro pub, bebe Guinness, brinda, se diverte!

Eu: Ah, ta.. E qual eh a diferenca entre o Arthur's Day e todas as suas sextas a noite? Nunca vi essa fixacao com pub, tudo se comemora do mesmo jeito, que chato!

Marido: ... (pensa no que responder, te olha com desprezo, desiste da resposta. Obviamente esposas brasileiras nao entendem nada de celebracao).

Advertencia: se voce pretende continuar conversando com seu irish pelo resto do dia, nao tente esse dialogo em casa!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Todo mundo fala que morar em outra pais faz as pessoas mudarem. Eu  ja nem discuto: quando olho pra tras mal me reconheco na pessoa que era quando deixei o Brasil. Mas a gente muda como? Estava pensando nas mudancas que esses 2 anos de Irlanda me trouxeram, e acabei (de novo) com um top five na cabeca.. Compartilho com voces um pouquinho do meu novo eu:

1. Sentimentos em perspectiva.
Conviver com uma nova cultura (principalmente casar com uma nova cultura), e tambem viver a montanha-russa de surpresas que essa mudanca trouxe pra minha vida, me fez colocar meus sentimentos em perspectiva. Sempre fui muito impulsiva e tambem extremista... tudo que doia, doia muuuuito, o que magoava, magoava muuuuito.. E eu queria tudo resolvido aqui, agora. Aqui na Irlanda estou aprendendo a ver que existe o branco e existe o preto, mas tambem toda uma gama de cinzas que os meus sentimentos podem ter: hoje doi, mas amanha melhora... algo magoa, mas tambem nao eh tao importante que precise me apegar a magoa.. E esperar passar realmente funciona! Maturidade, talvez? Assim espero...

2. Prioridades revisitadas.
Com a vida de expatriada, algumas coisas que considerava importantes ja nao ocupam o menor espaco na minha vida. Futebol, por exemplo, que sempre acompanhei no estadio e pela TV, hoje esta no fim da minha lista de prioridades. Tanta noticia, tanta novidade pra eu acompanhar no Brasil, vou lembrar logo de futebol? (me desculpa Palmeiras, mas pode cair que eu nem ligo mais!)... E entre ir a manicure ou gastar uma tarde no Skype com a minha familia, nem preciso pensar para fazer a escolha: as unhas ficam pra outro dia.

3. Auto-estima, ativar.
A diversidade de pessoas e modas que se ve por aqui me faz sentir mais aceita. Me sinto a vontade para brincar com minhas roupas, com meu cabelo (se isso eh bom ou ruim, ja eh outra historia, ja que os resultados sao questionaveis), e acabei ficando mais vaidosa. Sem contar que so estando aqui a gente ve como nosso pais eh cruel com nos, pobres mulheres balzaquianas.. Por aqui 30 anos nao eh velha, 60kg nao eh gorda e olho castanho nao eh sem graca. E pra completar, brasileira eh fetiche entre a gringaiada. Resultado: Dublin fez mais pela minha auto-estima do que todos os anos de terapia!

4. O passado ja passou.
Muita gente sofre ao morar em outro pais porque fica o tempo todo comparando, lembrando, sentindo falta. Mas para ficar feliz na Irlanda, simplesmente aprendi a olhar pro hoje. Nao quero saber se a comida era boa, as baladas divertidas ou os dias mais quentes quando morava em Sao Paulo. Como com gosto o que preparo por aqui, me divirto nos milhares de pubs e shows por ai, e aproveito o friozinho pra curtir o cobertor de orelha. Guardo no coracao e na memoria pessoas queridas e lugares especiais. Mas deixo de lado o que ficou pra tras, e aproveito cada minuto do que estou vivendo.

5. Voce tem medo de que?
Talvez a maior mudanca que eu veja em mim eh justamente a mais dificil de traduzir: essa sensacao de que nao vale a pena ter medo da vida. Sempre fui do tipo de pessoa que planeja muito, e morre de medo que tudo de errado, de ser surpreendida e nao saber o que fazer. Tinha medo de perder as pessoas que eu amava, tinha medo pelo meu emprego, tinha medo do futuro. Jogar tudo pro alto, e ter a chance de ver meus medos se tornarem realidade (me afastar de pessoas, ficar sem emprego, nao ter nem nocao do futuro) me deu asas, me deixou livre. O que eu tinha medo aconteceu e eu continuo aqui. Alias, estou ate melhor. Mais feliz. Como diz Chico Xavier, isso tambem vai passar. Seja bom ou seja ruim. Entao, ter medo pra que?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

E por falar em destino...

Era uma vez um rapaz americano. Apesar de americano, Joe tem origens na Irlanda.. Mas seus pais morreram ha alguns anos, e Joe nunca teve noticias nem contato com o lado irlandes de sua familia, nem esteve na Irlanda. A unica coisa que ele sabe a respeito de seus familiares do velho continente eh que ele recebeu seu nome por causa de um tio, Joe Reilly, dono de um acougue em uma rua chamada Cork Street, em algum lugar de Dublin.

Mesmo curioso sobre sua historia, Joe nunca tentou descobrir nada a respeito dessa familia, e viveu sua vida tranquilamente. Ate que um dia, sem razao aparente, Joe comeca a pensar sobre esse assunto, cada dia mais e mais. A curiosidade passa a aumentar, e os pensamentos de Joe se voltam insistentemente para seu tio e xara, a quem ele nunca conheceu. Como seria sua vida, o que ele estaria fazendo agora...Joe comeca a se perguntar como serao seus parentes europeus, e qual a historia por tras de sua familia.

Em uma semana, o pensamento se torna tao forte que Joe chega a sonhar varias noites com o tio, mesmo sem nunca o ter conhecido. Num impulso, Joe decide: vai para a Irlanda, para tentar descobrir suas origens, e reencontrar sua familia perdida.

Acompanhado da esposa, e tendo apenas o nome do tio e do acougue como referencia, Joe aterrisa em Dublin num sabado a tarde. No taxi, o motorista puxa assunto, como todo motorista de taxi gosta de fazer com turistas:

- Primeira vez em Dublin?

- Sim, primeira visita.

- Passeio ou negocios?

- Um pouco dos dois... vim em busca da minha familia, que nunca conheci.

- Ah, familia eh mesmo muito importante... a minha, por exemplo eh muito unida... Hoje mesmo, voce eh minha ultima corrida.. estou indo pro funeral de um tio, a familia toda ja esta la. 

- Ah, meus sentimentos. Era um tio muito proximo?

- Ah, bastante. Cresci brincando no acougue dele, ajudando com os clientes.. vai fazer muita falta, o tio Joe. 

Sim, leitores, voces ja adivinham o final. O motorista de taxi tambem eh sobrinho do tio Joe, que passou a "assombrar" os sonhos do nosso amigo americano na mesma semana em que faleceu. O rapaz aterrisa em Dublin direto para os bracos (ou o taxi) de sua familia, e descobre tios, primos e ate um meio-irmao que nem sabia ter, em um jantar organizado para mais de 50 pessoas durante o fim de semana.

Eu sei, ficcao meio cliche, mas que ia fazer sucesso em filme agua com acucar, ou ate mesmo no programa do Gugu, com uma musica triste no fundo e umas pausas para infomercial.

Com o porem de que nao eh ficcao. E o almoco para mais de 50 pessoas foi onde passei meu domingo, quando minha nova familia recebia com festa o recem descoberto parente e sua esposa.

Se contar, ninguem acredita. Mas estou contando mesmo assim :)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Pra falar do meu acento.

Eu sempre achei mega cafona quem passa 2 minutos no exterior e comeca a fingir que nao sabe mais falar portugues. Gente que sobrevoa Miami e ja desembarca falando girias em ingles e "esquecendo" como se diz alguma coisa.

Mas sou obrigada a admitir, ando numa fase esquisita em que meu cerebro parece que esta com preguica de traduzir as coisas da maneira certa, e decidiu que pra mudar palavras do ingles para o portugues, eh so "aportuguesar " o sotaque (ou o acento, como ja disse algumas vezes, pensando na versao em ingles da palavra, accent). O contrario tambem funciona, e se nao sei a versao em ingles da palavra em portugues, eh so botar um "ation" no final e esta valendo.

No trabalho, principalmente, onde fico pensando em ingles para escrever 90% do tempo, vira e mexe dou bola fora quando o e-mail eh pra uma pessoa brasileira. Reembolso (refund) vira refundo. Anexo (attachment) vira atacho. E por ai vai. Depois checo o corretor ortografico (habito que desenvolvi depois de uma vida inteira de bolas foras), e fico com vergonha de mim mesma. E ai depois de ficar com vergonha pelo que fiz e ninguem viu, venho aqui e conto pra todo mundo. Vai entender...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Um homem pra chamar de meu...

Mas chamar de que? Depois do casorio, nao posso mais chamar o meu irish de namorido (pra alegria de muitos, que chamaram o que eu pensei ser pura falta de criatividade de cafonice). O negocio eh que nao tenho muita paciencia imaginacao para inventar apelidos. Pra mim apelido eh 1. abreviacao, 2. diminutivo, ou 3. nomes genericos que envergonham as pessoas a quem me refiro (veja-se meu uso excessivo e arbitrario das palavras flor, xuxu e gata para chamar pessoas queridas).

No caso do namorido, a escolha se deu apos avaliar as opcoes: o diminutivo de Mick, que eu uso carinhosamente no dia-a-dia para nossas conversinhas, na verdade eh conhecido como giria para identificar os mocinhos anatomicamente desafiados, digamos assim (se eh que voces me entendem). Ai nao so o apelido seria totalmente injusto (uhuhu), como eu me tornaria viuva ainda antes do casamento se ele descobrisse que estava usando Mickey pra me referir a ele no blog. Abreviatura, por sua vez, seria M. Mr. M. Nem preciso continuar ne?

Ai era escolher entre chamar ele de flor, xuxu, gato, ou outros genericos.. E assim foi, toquei um foda-se namorido e pronto.

Agora tenho a chance de reparar minha falta de consideracao no trato com a pessoa amada, e escolher um apelido que expresse quao especial ele eh, um nome que seja unico, original. E ai, obvio, empaquei.Zero ideias. Entao eh isso. A menos que eu tenha um rompante de genialidade nos proximos dias, ou que receba ideias de pessoas mais brilhantes que eu, namorido vai virar marido, para os momentos bons e os ruins, ate que a morte nos separe (ou o blog termine, o que chegar primeiro).

Leitores queridos, inicio uma campanha: Salvem namorido de um destino mediocre, me mandem umas sugestoes ;)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A minha grande noite antes do meu grande dia...

Ja contei aqui um pouquinho sobre o meu grande dia, sobre como fiquei nervosa, como foi lindo e como me diverti.. Agora faltou contar sobre a tao esperada noite que veio antes do casamento: a minha despedida de solteira.

Adoro essas modernidades europeias de levar a serio a despedida de solteira. Nessas de planejar o casamento, a gente acaba sendo levada pelo tanto de coisa para fazer, e nem tem tempo de aproveitar os ultimos minutinhos de liberdade solteira... No Brasil a tradicao nao eh muito forte, e nao consigo lembrar de nenhuma amiga que tenha feito uma festanca com a mulherada antes de se enforcar. Ja aqui...  

Nao vou comentar a minha, porque como ja diz o ditado: “o que acontece na limusine, fica na limusine”. Mas posso dizer que a minha hen night seguiu a risca a tradicao, com direito a esquenta com as amigas, passeio de limusine (que eh onde eu decidi que vou morar se tudo der errado no casamento), drinks delicinha (ainda nao sei o que eh soutern comfort, alias), baladinha com musica boa, beijos (calma que eh so no rosto, continuo uma moca comportada mesmo na minha ultima noite de solteira) nos mocinhos gatinhos e fotos com desconhecidos.


Baby guinness, eu te amo!

So digo que nao podia ter tido uma maneira melhor de me despedir dos meus anos de devassidao  solteira. Agora que venham os anos de mais devassidao de casada, que eu ja estou preparada para ser mulher de irlandes, com engov na bolsa e amor no coracao.



Drinks fashion (e uma bagunca geral) pra comecar a noite bem...



As mentes por tras do crime!




sexta-feira, 8 de julho de 2011

Becoming ms. Kinsella...

E o casamento chegou, e passou... E a parte esquisita eh: eu nao sei dizer como foi... (e nao estou me referindo so a parte em que meu teor alcoolico apagou as lembrancas da festa). Foi tudo mega rapido, e quando eu ja vi, ja tinha acabado.

Descobri que eu estava totalmente errada com as minhas preocupacoes: na hora H, esqueci de me preocupar se ia chover, se eu estava bonita ou se o bolo estava gostoso. Esqueci de pensar no DJ e nao consigo lembrar de UMA musica que tenha tocado na festa. Tambem desencanei de estressar com o buffet, e acabei nem provando a comida. Minha unica preocupacao, o tempo todo, foi que as pessoas lindas que estavam celebrando comigo tivessem uma noite tao especial quanto eu estava tendo.

Posso nao lembrar de muita coisa da festa, mas vou lembrar para sempre alguns momentos especiais: o sorriso no rosto de namorido quando me viu entrando, o discurso improvisado (e em ingles) do meu pai, os milhares de abracos e palavras de amor que recebi. E a sensacao imensa de felicidade, de sentir que nao existe nenhum outro lugar, com nenhuma outra pessoa, em que eu quisesse estar mais, do que ali, naquele momento.

E no fim das contas, eh so isso mesmo que eu preciso lembrar. Nao sei da comida, da musica ou do tempo, mas sei que meu casamento foi maravilhoso.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

La vem a noiva...

Ultimo post como senhorita, e nervos a flor da pele, com apenas algumas horinhas ate o casamento... namorido esta dormindo no hotel, e a proxima vez que estivermos juntos, vai ser como marido e mulher. E pensar nisso eh bizarro, assustador, mas principalmente a coisa mais linda que eu podia pensar.

Agora estou aqui no quarto com toda a mulherada, jogando conversa fora e tentando ignorar o fato de que daqui a pouco vou ter que entrar numa sala com quase 100 pessoas olhando para mim, e declarar (em ingles) o meu amor pelo homem que escolhi pra chamar de meu...

Me desejem sorte. Deixo aqui todo o amor do mundo pras minhas amigas queridas que estiveram do meu lado, me apoiando sempre, aguentando meu mau humor nesses dias nervosos, dividindo porres nas comemoracoes e me falando que vou ser uma noiva bonita nos momentos inseguros. Amo voces minhas amigas lindas!!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os perigos de se autorizar um Top 5...



Eu sou fa de carteirinha do seriado FRIENDS. Tenho todas as temporadas em casa, sei dialogos de cor, e copio ideias que vejo no seriado e que acho boas. Foi assim que eu e namorido estabelecemos a regra do "Top Five Autorizado", direto de um episodio de Friends em que o Ross e a Rachel fazem o mesmo.

Funciona assim: cada um faz uma lista com as 5 pessoas que escolheria para um "one night stand", e o outro autoriza. Traicao com uma dessas pessoas nao eh traicao. Claro que nao vale colocar na lista o mocinho que faz academia com voce, a amiga de infancia ou o mocinho que cuida do jardim da casa da sogra (sei que parece esquisito escrito assim, mas acreditem, ele eh gato).

Para os curiosos, ai vai a minha lista de homens lindos, gostosos e cheirosos, com quem eu posso deitar e rolar com o consentimento de namorido:

1. Gael Garcia Bernal
2. Johnny Depp
3. Josh Holloway
4. Clive Owen
5. Gerard Butler

Agora sente que coisa do destino: fui com minha dama de honra ontem fazer uma visita pro meu cabelereiro, pra testar o penteado que vou usar no casamento. Depois, aproveitando que outra amiga estava pela cidade e que meu cabelo estava puro luxo, decidimos tomar varios alguns drinks num pub ali pela Grafton. E nao eh que quando olho para o lado vejo ali, em carne, osso e sorrisos, o numero 4 (e mais sexy, na minha opiniao) da minha lista, Clive Owen!!!

Tudo bem que teve a parte vergonhosa (que so pode ser justificada pela combinacao de muito vinho e a completa surpresa que a visao nos trouxe) em que primeiro nao lembravamos porque a cara dele era tao familiar, e os outros 20 minutos que passamos tentando lembrar o nome dele (aaaah que tudo, eh aquele ator, sabe.. aquele, que esta naquele filme que eu amo!).

Mas so digo o seguinte: namorido nem sabe a sorte que tem, porque se trombo com o moco hoje a noite, na minha despedida de solteira, ao inves de ontem, sabe la se eu nao ia tentar botar essa regra do Top Five em pratica, viu...