REALIDADE INVENTADA

"Nao quero ter a terrivel limitacao de quem vive apenas do que e passivel de fazer sentido. Eu nao: eu quero uma realidade inventada."

Clarice Lispector




quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Nobody said it was easy...

Eu nao sei se com o casamento veio a certeza da minha permanencia em Dublin, eu nao sei se foi esse verao com cara de outono que me deixou nostalgica, mas o fato eh que nas ultimas duas semanas tenho pensado muito no Brasil, e sentido muita, muita saudade. Se eu nao fosse tao pobre responsavel, ja tinha com certeza mandado o trabalho as favas e comprado uma passagem pra passar um mes todinho na minha terra natal, aproveitando tudo que me faz tanta falta por aqui. Mas o fato eh que agora, nao posso simplesmente largar tudo e atravessar o mundo. Na verdade, nem sei quando poderei, e essa incerteza sobre quando verei de novo todas as milhares de coisas que eu amo e estao tao longe andou me fazendo ficar meio jururu.

Me peguei pensando no meu apartamento, decorado com os moveis que escolhi e comprei ao longo de anos, com a minha cara e do jeito que eu gostava (ao contrario da mobilia de segunda mao que vem junto com os apartamentos aqui). Nos quadros, nas coisinhas de cozinha, no tapete peludo em que eu preferia deitar para assistir os filmes ao inves de usar o sofa. Me peguei pensando nas minhas (muitas) happy hours na Vila Madalena, nos almocos de sexta-feira com o pessoal do trabalho, nos fins de semana na casa dos meus pais. Na minha rotina, uma vida toda de habitos e prazeres que deixaram de existir.

Sei que a cada escolha corresponde uma renuncia. Que ao construir a vida que tenho aqui (e que, nao me entendam mal, amo de paixao), eu aceitei que nao teria mais a minha vida la. Mas o fato de saber, de entender racionalmente que nao existe maneira de conciliar dois mundos que sao separados por um oceano de distancia e dois anos de experiencias, nao torna essa escolha menos dificil. E por mais certeza que eu tenha da decisao, e por mais alegria que essa decisao me traga, nao sentir saudade das coisas que me foram caras por 28 anos eh uma possibilidade que nao existe.

Uma nova fase da minha vida esta apenas comecando, e nao poderia estar mais grata por todas as coisas maravilhosas que tem me acontecido, nem mais feliz por todas as oportunidades que se abrem diante de mim neste momento. Mas por enquanto, ou ter que aceitar que olhar para tras de vez em quando vai fazer parte da minha trajetoria por estes novos caminhos.*

*Ate eu ficar milionaria, ir para o Brasil quantas vezes eu quiser, e conseguir, finalmente, unir o melhor dos dois mundos.

2 comentários:

  1. Eh verdade Mi, pensar racionalmente que não é possível ter dois mundos dá uma tristeza. Mas a gente segue com o mundo quehttp://blogrealidadeinventada.blogspot.com/2011/08/parte-dificil.html#comment-form escolhemos.

    Dublin tem N qualidades, as vezes a gente lembra das coisas boas dos tempos nostalgicos, e nos esquecemos das coisas ruins.

    ResponderExcluir
  2. Verdade, Ca, eh facil lembrar so do que faz falta e esquecer as (varias) partes dificeis ai no Brasil tambem... O negocio eh ficar rica e visitar sempre mesmo :) Beijao!

    ResponderExcluir