REALIDADE INVENTADA

"Nao quero ter a terrivel limitacao de quem vive apenas do que e passivel de fazer sentido. Eu nao: eu quero uma realidade inventada."

Clarice Lispector




sábado, 26 de novembro de 2011

Gente grande.

Combater o natal aqui em casa em casa eh uma batalha perdida. Mal passou o Halloween e ja tive que segurar marido pra impedi-lo de comecar a pendurar meias na lareira.

Hoje finalmente, me rendi ao ineitavel, e me uni a ele para decorar nossa primeira e recem-saida da caixa arvore de natal. Passamos a tarde escolhendo pingentes, decoracoes, luzinhas. ao chegar em casa, ligamos o radio e gastamos horas escolhendo onde cada enfeite iria ficar.

Com o orcamento restrito, e experiencia zero em decoracao natalina, o resultdo eh o de menos. Mas a experiencia foi incrivel. Escolhendo pingentes e pendurando anjinhos, me dei conta da situacao: aqui estou eu, escolhendo enfeites que farao parte da nossa festa de Natal, e estarao presentes, nos proximos anos, da vida nova que iremos formar. A primeira tradicao da minha recem-formada familia.

Ao ver a arvore terminada, senti no peito uma pontinha de orgulho. Olha so pra mim, com a minha propria arvore de Natal. Finalmente virei gente grande!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Caipirices em Dublin - Caipirices culinarias.

Muita gente que chega na Irlanda diz que tem dificuldade pra se adaptar com a comida, ja que por aqui conceito de tempero eh basicamente adicionar pimenta nas coisas (e ignorar o sal). Eu no comeco estranhei um pouco tambem, mas no fim das contas acabei acostumando. E acho ate educacao fazer questao de conhecer tudo, tentar de tudo, antes de torcer o nariz.

Uma coisa que irlandes adora e eu super apoio eh comer torta. Torta de peixe, torta de frango, torta de tudo, na maioria das vezes coberta ou servida (ou as duas coisas, ate) com pure de batata, que eh pra dar um "sabor local" pro prato. E u sempre adoro todas. Alias, entre minhas novas comidas favoritas esta a tradicionalissima comida de pub Torta de File com Guinness.

E foi assim que, tentando impressionar o sogro e mostrar que ja sou praticamente local, num dos nossos primeiros jantares juntos pedi como entrar uma ". Pra quem nao sabe, a traducao de mince eh carne moida, e quando vi no cardapio que tinha essa torta no cardapio ja fiquei toda animada: minha avo sempre me fazia carne moida com pure de batata e CERTEZA que vou arrasar como irlandesa desde criancinha pedindo esse prato.

Marido (entao namorido) ainda tentou me avisar: tem certeza que vai pedir isso? Nao vai estranhar?

- Que nadaaaa bobo, no Brasil a gente come isso na casa da avo!

Quando chegou a minha torta, que linda, toda fofinha e douradinha. Ataquei com gosto. So pra descobrir que na verdade, a tal da mince pie eh uma torta de fruta. DOCE. Meio doce, alias, porque aqui nada eh doce. Nao so eu ODEIO comer fruta na comida, mas tambem aquilo me pegou completamente de surpresa!

Que feijao doce ou linguica frita que nada! Meu maior trauma culinario aqui na ilha verde foi aquela primeira mordida de torta de fruta disfarcada de comida normal!

Aos interessados em boas normas de comportamento, cuspir no prato na frente do sogro eh um grande NAO nas regras de etiqueta. Acreditem, eu sei!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A Esperanca eh a ultima que congela.

Depois de dois invernos congelando nessa terra gelada, ja virei gata escaldada congelada e conforme chegava o fim do ano ja fui me preparando para o pior: segundo especialistas o inverno este ano sera pior do que os anteriores, e deveriamos estar preparados para ainda mais neve (e mais transtornos).

Assim sendo, ja me muni os basicos para enfrentar o frio: botas de neve, ear muffs, gorros, cacheois, esquis, tudo para nao passar aperto quando a neve chegar.

E ai que ja eh meio de novembro, e estou aqui escrevendo este blog no meu pijaminha de flanela, janela aberta, aquecedor no off. La fora, confortaveis 14 graus! E do "inverno mais rigoroso da historia", nem sinal.

Ai, como boa brasileira que nao desiste nunca, ja comeco a cria esperancas... sera?? Sera que desta vez o inverno passa sem tanto perrengue? Sera que nem vou precisar do meu super casaco/burca que so deixa de fora meus olhinhos lacrimejantes por causa do vento?

Pelo menos pra mim, a esperanca eh a ultima que congela. E com as expectativas de quase-desastre que eu tinha pra esse inverno, se continuar so "fresquinho" assim, acendo uma vela pra Nossa Sra. da Meteorologia Falida pela graca alcancada. E considero, talvez, uma nova orientacao de carreira. Porque oh, errar a previsao do tempo num pais que so tem duas opcoes (frio ou mais frio ainda) e continuar tendo um emprego pra chamar de meu, isso sim eh trabalho dos sonhos!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Because you're mine, I walk the line...

Estava hoje conversando com uma amiga no telefone, enquanto esperava o onibus que nao chegava nunca, quando o mocinho esperando do meu lado comecou a puxar papo. Perguntou de onde eu sou (ele achou que eu era espanhola, ele era obviamente irish), onde eu trabalho (descobrimos que somos vizinhos de predio de trabalho), blablabla sem objetivo, tipico de xavequinho. Detalhe importante, porem nao relevante na historia: o tal do moco era GATO, da raca mais charmosa de irlandes, olhos cinzas e sorriso de lado, a la Gerard Butler (que ok, eh escoces, mas faz o mesmo tipo).

Agora pra continuar a historia, preciso antes fazer um momento de confissao no blog (mae, nao olha agora): eu nem sempre fui assim um exemplo de boa conduta na minha vida. Dizem que geminianos sao um signo infiel por natureza, e eu nao fiz nada na minha vida pra contrariar a fama. E nao eh com orgulho que conto, mas trai todos, e eu digo T-O-D-O-S os meus namorados (quando falo todos parece muito, mas na verdade foram so tres).

As vezes por crises existenciais de gente jovem que nao sabe o que quer: uma vez trai o ex com o atual, depois mudei de ideia e trai o atual com o ex. As vezes por pura vaidade: o namoro estava em baixa, algum gatinho com otimo timing apareceu enchendo minha bola... Veja bem, nao estou aqui defendendo nem justificando o que fiz. Mas tambem nao vou negar, porque afinal de contas A VIDA EH MINHA, O POBREMA EH MEU, como ja disseram pessoas mais sabias. E no fim das contas, tudo bygones, ja que os namoros acabaram terminando de qualquer jeito.

Agora retomando a historia: Conhecendo meu passado negro, minha amiga, no telefone, nao perdeu tempo pra brincar comigo, falando pra eu parar de ser safada e ficar de conversa com o mocinho no ponto de onibus (o que percebam nao era muito culpa minha, nao eh como se eu pudesse sair andando e deixar o mocinho falando sozinho, porque ai perdia o onibus). Agora por favor surpreendam-se com a candura da minha resposta:

- Iiiiih, amiga, nao fala isso nem de brincadeira. Descobri que nasci pra ser fiel.

Sim, meus amigos. Venho aqui contar que eu conheci marido e vi a luz. Desde o primeiro dia juntos, ser fiel veio naturalmente, sem esforco nem premeditacao. Nao sei se eh a maturidade, ou se eh o amorrrrr que me fez assim, mas hoje cuspo pro alto sem medo que caia na testa: sou uma monogama convertida!

O mocinho do ponto de onibus ficou la, gatissimo (sou monogama, mas nao sou cega). Amigas solteiras interessadas, posso fornecer o endereco do referido ponto, pra voces engatarem uma conversa sobre o tempo e ver no que da. Porque pra mim, fica pra uma proxima encarnacao.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pra explicar o meu sumico...

Eu juro que nao estou preguicosa. Pelo menos nao mais preguicosa do que o normal. A razao por andar escrevendo menos aqui no blog, como na vida de todo workaholic que se preza, tem um nome so: trabalho.

Fato eh que eu adoro trabalhar. Sempre fui do tipo que, ao comecar num emprego, veste a camisa da empresa, e passa a respirar o novo trabalho ate sentir que estou fazendo um bom trabalho. Barulhinho de digitacao eh musica pra mim. E com o emprego novo baseado em metas, premiando as melhores performances, eu estou como um patinho na agua, tentando aprender tudo o mais rapido possivel pra satisfazer a nerd que existe em mim com uma performance, se nao boa, pelo menos nao vergonhosa (ja que os resultados sao publicos e todo mundo ve quando voce pisa na bola).

A consequencia de estar tao focada, e trabalhando tanto, eh que uando chego em casa, mal tenho forcas pras coisas mais basicas do dia a dia (fazer uma jantinha, brincar com os cachorros, namorar...).

Assim, peco desculpas aos meus leitores fieis (oi, mae)... A programacao normal volta assim que eu acalmar minhas tendencias workaholics obssessivas. E ate la, fiquem feliz por mim: nada como um emprego que a gente goste pra tornar menos dificil deixar a cama quentinha de manha durante esse principio de friaquinha que ja invade a Irlanda...