Meu chuchuzinho...

Sabe aquelas pessoas irritantes que tem mania de chamar os outros por apelidos bregas carinhosos tipo chuchu, flor ou amore? Pois eh, eu sou dessas. Eu sei que eh meio ridiculo, que eu devia tentar  evitar, mas eh mais forte do que eu...quando dou por mim la estou  eu inventando apelidos esdruxulos pra chamar minhas amigas.

Eu nem parava pra pensar muito nisso, mas esta semana uma amiga minha me falou "Ai, eu nao suporto essas pessoas que ficam chamando voce de querida, acho tao falso"... Depois dessa indireta mais do que direta, eu comecei a me me sentir mal por ficar arrumando adjetivos aleatorios pras minhas amigas ao inves de usar os nomes... Eu juro, eu nao sou falsa, eu sou so cafona!

Por isso vim aqui fazer um pedido de desculpa coletivo a todas as minhas amigas que passam vergonha quando me encontram na rua e sao chamadas publicamente por nominhos idiotas.. Eu chamo pessoas de flor mesmo sabendo que ninguem tem gineceu nem pistilo... Eu falo "oi meu chuchu" e nao quero dizer que voce seja sem graca... E se eu te chamo de querida, eh porque te quero bem de verdade! Esse eh so meu jeito Wando de expressar amor pelas minhas amigas lindas, que sao a luz, raio, estrela e luar da minha vida!

Amo voces, minhas queridaaaaaaaas!

Os irlandeses e o sol....

Esta semana tem feito sol por aqui. E apesar de ainda estarmos em fevereiro, ja da pra sentir que vem chegando o verao, um calor no coracao, e nao da pra negar que todo mundo vai ficando mais feliz, e as ruas e parques cada vez mais cheios.

Eu nao sou boba nem nada, e tambem gosto de um solzinho. Mas tambem nao tenho problemas com dias chuvosos e o friozinho (ou friozao, as vezes) que eh mais comum por aqui. E embora eu tambem fique animada com o bom tempo la fora, eu tenho que admitir que ainda preciso aprender a entender a adoracao que os irlandeses tem pelos dias de sol... Basta abrir um pedacinho de azul no ceu pra todos os irish (incluindo o meu) entrarem em frenesi.

Hoje por exemplo.. eu aproveitando minha manha de sabado na cama, quando namorido abre a janela bem na minha cara, e comeca:

- Amor, olha so que soooool... vamos sair! Estamos desperdicando o dia dentro de casa!

Desperdicando? Como assim? Eu estou aproveitando o dia pela primeira vez na semana, curtindo minha caminha quentinha, sem nada pra fazer, sem hora pra levantar... Mas namorido nao entende como eu posso querer ficar na cama COM ESSE MAIOR SOL LA FORA! E assim la vou eu arrastada para passar o sabado no parque, com direito a mochila preparada por namorido com lanchinhos diversos e livros, e Bellinha a tiracolo, porque sabado eh dia de passar com a familia toda :)

Nem preciso dizer que eh so chegar no parque pra constatar que todo mundo teve a MESMISSIMA ideia, e um quadradinho de grama pra sentar esta mais disputado que ingresso pra final de campeonato. Mas o que eu preciso dizer eh que o fato de estar sol nao quer dizer que esteja calor, e na verdade quando eu chequei, estava fazendo so oito graus! Depois de cinco minutos sentada no parque comeco a sentir 1. meu bumbum congelando com a grama semi-molhada, e 2. meu olho lacrimejando com a ventania. Lacrimejando tanto que nem consigo ler o livro (que nao para mesmo aberto por causa do vento). Nao demora e eu estou literalmente TREMENDO de frio, e contando os minutos pra voltar pra minha casinha quentinha..

Olho pro lado e namorido esta estendido na grama, sem casaco nem nada, com a maior cara de felicidade do mundo. E percebo que por todo o parque, os irlandeses estao do mesmo jeito, praticamente fazendo fotossintese no sol, e nem ai pro frio! Pra todo lugar que olho vejo grupos de amigos conversando, familias passeando com os bebes, todo mundo aproveitando o solzinho pra sair de casa e se encontrar... aqui na Irlanda, se o tempo esta bom, o parque eh A BALADA!!!

Pois eh, por aqui eh assim: ficar em casa em dia de sol eh pecado, punido com exilio social... E acho bom eu ir tratando de esquecer o frio, subir o ziper do casaco, e aprender a curtir os dias no parque a moda irlandesa, sob o risco de ser banida dos fins de semana em familia ate o fim do verao!

Caipirices em Dublin - TV License

Quando eu me mudei pra ca, vim morar com algumas amigas, que ja tinham o ape montadinho, com TV e tudo. Tenho que admitir, foi otimo chegar e nao ter que me preocupar com nada, mas acabei ficando assim, digamos meio ignorante inocente em alguns assuntos irlandeses, e acabo passando uns vexames basicos...

Foi o caso, por exemplo de quando tocou a minha campainha um senhor de cracha e bloquinho na mao, e se apresentou como agende licenciado do governo...

- Posso fazer algumas perguntas?

"Olha so", penso eu, "vou participar de pesquisa do censo aqui na irlanda!"...

- Claro, nao tem problema nenhum!

- A senhora possui televisao em casa?

- Sim, possuo 2.

- Ah, sim? A senhora pode me passar seu nome completo por favor?

- Claro... anota ai...

E foi isso a pesquisa! Que esquisito, eu fiquei pensando.. que raio  de pesquisa eh essa que so quer saber da minha televisao? Achei estranho, mas tanta coisa eu acho estranha nessa Irlanda que nem liguei... mas quando namorido chegou em casa, fui toda feliz contar o "ccauso" do moco da pesquisa.. Pra minha surpresa, namorido me explicou que o tal do senhorzinho nao era do Censo coisa nenhuma, e sim um agente do governo, que checa se voce esta em dia com a sua TV License... aqui voce precisa pagar uma taxa anual para ter direito a televisao... E eu nao tinha a MENOR ideia (ai que burra, da zero pra ela)..

Depois de entender a lei, so me restou pagar a tal da taxa, porque afinal de contas ser caloteira por ignorancia eh uma coisa, mas de proposito eh coisa feia, ne...

Namorido achou engracadissimo a minha confusao, e morreu de rir quando eu contei que achei que era pesquisa... agora porque ele nao me explicou a regra ANTES pra eu pagar a porcaria da taxa e nao passar vergonha, isso permanece um misterio...



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Chefe bom...

eh chefe morto longe. Em reuniao, viagem de negocios, ferias.. De licenca entao, melhor ainda, que assim demora pra voltar! Eu sei do que estou falando... Trabalhando em um "ambiente domestico", vamos dizer assim, e com o chefe desempregado passeando pela casa o dia inteiro, eu nao tenho mais um minuto de paz... De uma hora pra outra ele acha o maximo ficar puxando papo toda hora, ficar me assistindo enquanto eu cozinho panqueca (Wow, you sure know how to flip it!"), e por ai vai. E assim a minha liberdade vai pelo ralo...

Mas por conta dessa historia de trabalhar na casa da pessoa, conviver com a familia o tempo todo, etc, a gente acaba se envolvendo muito mais do que faria num emprego normal. Passando o tempo todo com os meus gorduchos por mais de um ano e meio ja, e CLARO que eu sou apaixonada pelos dois bebes. E acabo tambem me sentindo meio "proxima" dos chefes, que alias sao sempre mega simpaticos e parecem gostar muito de mim.

Pois bem, nessa onda de me sentir "querida" pelos chefes, tive a ilusao de que, ao contar sobre o meu casamento, a noticia fosse ser recebida com alegria, que eles fossem ficar felizes com uma coisa tao legal que esta acontecendo comigo... OOOOOOI do de mim... olha o que fui obrigada a ouvir da minha querida chefinha:

- Aaaah, Milena, que legal, parabens!... (pausa por um minuto com cara de tristeza).. Olha, nao quero que voce pense que nao estou feliz por voce, mas quando voce me fala que decidiu se casar, sabe o que eu ouco? Que voce vai precisar faltar por causa da festa... lua de mel... voce entende minha situacao, eu conto com voce aqui, ne...

Sutil como um elefante, minha chefe mal me deu os parabens e ja deixou claro que eh pra eu nem ir me animando muito com as comemoracoes, porque nada de ferias pra mim... Nao fosse o bastante ouvir isso, ainda recebo dela a seguinte mensagem, as 10 horas da noite:

- Milena, precisamos conversar sobre essa sua "historia" de querer casar em julho. Para que voce saiba, eu ja estou planejando minhas ferias para setembro, porque em julho na Franca eh muito quente. Talvez seja melhor voce rever seus planos.

Aaaaah ta, espera so um minuto, que vou rever planejamento de igreja, hotel, buffet, ferias e viagem de toda a familia pro outro lado do mundo porque a senhorita quer passar uma semana na Franca.

E ai, me diz o que eu respondo numa hora dessas? Finjo que nao recebi? Conto ate 1.457.897 pra ver se acalmo? Sugestoes (nao-violentas) sao bem vindas!

Do amor e suas surpresas.

 Entre os meus maiores defeitos esta o fato de que ODEIO admitir que estou errada. Mas desta vez, eh com prazer que venho aqui fazer uma "retratacao publica", e admitir, so 2 posts depois de ter escrito sobre a falta de romance de namorido no Valentine's Day, que estava completamente enganada a respeito das "aptidoes romanticas" do meu irish boy. Isso porque aqui em casa, o cupido e que nem justica: tarda mas nao falha. E desta vez, tenho que dizer, ele se superou.

Depois de ter passado o dia dos namorados me sentindo a mais abandonada das namoradas, fui surpreendida no sabado com um pedido de casamento, desses de gente grande, com alianca, proposta e todo o romance do mundo! Era pra ter sido no Valentine's Day, mas um atraso na prova da faculdade  (professor cabecudo, olha o que voce fez) fez namorido perder a hora de passar na loja  pra pegar a alianca, e adiou os planos da super surpresa que ele tinha planejado!

Depois de superar o choque inicial e conseguir finalmente dizer "sim", sou agora a feliz portadora de um noivo novinho em folha, um anel que nem eu teria escolhido mais lindo, e o coracao mais feliz e completo do mundo! E me sinto abencoada por saber que tenho dois paises a que posso chamar lar, o apoio de uma familia brasileira que me suporta em qualquer lugar do mundo e de uma irlandesa que me acolheu de bracos abertos. Alem da pessoa mais especial que eu poderia imaginar para dividir tudo isso.

Antes que comecem a me perguntar, eu NAO SEI se o fato de ter encontrado minha metade da batata da laranja aqui na Irlanda quer dizer que eu nao volto mais pro Brasil. E tambem nao sei quando vai ser o casorio, onde vai ser a festa, nem como vou chamar depois de casada. O que eu sei e que estou muito, muito, muito feliz. Se como diz o ditado o futuro a Deus pertence, sinal que nao preciso  me preocupar. E o presente e mais do que prova de que estou mesmo em boas maos. :)

Muito amor para todos!

Mimi, i love you!

Quando eu estava crescendo, eu nunca falei pra minha mae: quando crescer quero ser baba. Eu queria ser veterinaria, astronauta, arqueologa (eu era uma crianca nerd), mas nunca tive entre meus sonhos chegar aos quase 30 anos cuidando de filho dos outros. E ainda assim, ca estou eu.

E claro, nao posso dizer que estou sempre feliz, realizada com o trabalho e nem penso mais na minha carreira. Mas eu tenho que admitir, ser baba tem seus momentos de alegria, de um jeito que nenhum outro trabalho que eu tive antes me deu. Isso porque cuidando dos meus filhotes (ainda que nao sejam meus - nem sejam tao filhotes mais), eu recebo diariamente amor incondicional. Abracos, beijos, carinho irrestrito, sem pedir nada em troca. E volto pra casa cansada, mas ao mesmo tempo com a energia recarregada por passar o dia cercada de tanto afeto.

Hoje, por exemplo, recebi um presente inesperado. Estou pondo o Josh no berco, pra sonequinha da tarde (dele e minha tambem, que eu tambem mereco ne), quando ele me abracou e disse: "Mimi, i love you!"

Na verdade foi mais pra "Mimi, aioviu". Mas foi lindo mesmo assim. Nao so porque foi a primeira vez que ele disse isso pra mim, mas porque foi a primeira vez que ele disse isso ever, ja que os pequenos ainda estao aprendendo as primeiras palavras.

Agora fala se nao e pra ficar feliz com um trabalho que te permite ganhar, todo dia, o amor de duas coisinhas fofas como essas....

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I hate Valentine's day

Quer dizer, eu nunca odiei. Pelo contrario, sempre foi uma das minhas datas favoritas, ate porque meu aniversario e no dia 12 de junho (dia dos namorados no Brasil), o que era muito conveniente, porque mesmo quando nao tinha namorado eu ainda ganhava festa e presente...

Aqui na Irlanda a historia e outra. O Valentines Day e em fevereiro, nao tem nada a ver com o meu aniversario, e depois deste ano peguei ate birra dessa data! Isso namorido tem um defeito que me irrita profundamente: ele nao sabe comemorar datas especiais. Ele e "o" fofo todos os dias do ano, me tras presentes sem motivo, me manda mensagens romanticas, vive cheio de surpresinhas.. mas e so chegar uma data especial que ele arruma um jeito de baguncar tudo e me deixar decepcionada.

Por conta disso, ja passei meu aniversario comendo pizza hut e vendo jogo de futebol em casa, comemorei um ano de namoro num pub com os amigos dele, e este ano acabei passando o Valentine's Day atrapalhando visitando uma amiga, porque namorido nao me deu nem um misero cartaozinho!

Diz minha mae (do alto da sua sabedoria maternistica) que eu nao deveria me importar tanto, porque afinal de contas se ele e ruim pra planejar as 3 datas comemorativas que tem no ano, ele e o namorado mais fofo do mundo nos outros 362 dias! E eu sei, eu sei que tem uma certa razao nessa logica. Alias nenhum dos meus namorados anteriores foi um grande mestre na arte da comemoracao mesmo (um guarda-chuva, um pijama de flanela e um vale-CD sao algumas "perolas" que ganhei em dia dos namorados anteriores).. Mas nao adianta, por mais que eu tente racionalizar, meu lado "sensivel" fala mais alto, e passei o final de semana todo jururu, invejando minhas amigas sortudas que ganharam um jantar, e fiz murchar uns tres buques de rosas de namoradas mais desavisadas que deixaram as flores ao alcance do meu olhar 43 (aquele assim meio de lado com invejinha).

Enfim, o negocio e aceitar que este ano Sao Valentim nao e definitivamente meu milagreiro favorito, e torcer pra namorido aprimorar as tecnicas comemorativas (sabe como e, a esperanca...). Ai de mim que sou romantica...

Aqui eu uso chapeu!

Claro que eu sei que vir morar na Europa me fez mudar muito. Jeito de pensar, ideias, prioridades, tudo acaba sendo influenciado por esse contato diario com outra cultura. Mas so me dei conta do quanto eu estou diferente da pessoa que veio pra ca quando me vi no meio de uma loja do centro comprando um chapeu!

Atencao: quando falo chapeu, nao estou falando de um gorro ou um bone, que eu ate consideraria normal antes de vir pra Dublin.. Naaaaao, estou falando de um chapeu mesmo, desses de Sandy quando quer fingir que e diva do jazz.

Nao sei se voces entendem a importancia disso, mas so posso dizer o seguinte: EU NAO USO CHAPEUS. EU NUNCA NA MINHA VIDA USEI UM CHAPEU. Nem conhecia ninguem que use, alias. Claro que ja vi pessoas pelas ruas de Sao Paulo usando chapeu, passeando pela rua Augusta, na feirinha do Bristol, ou em outro desses lugares pseudo-intelectuais que eu gostava de frequentar quando estava no Brasil (pausa para suspiro de saudade). Mas essas pessoas eram de uma "raca" completamente alienigena pra mim, tipo a-moca-que-usa-chapeu-no-cinema, e eu nunca tive estilo (nem coragem) pra arriscar..Definitivamente chapeus nao eram para mim ( estava ali lado a lado com meia-calcas coloridas).

No Brasil voce nao ve ninguem chegando no escritorio falando "Bom dia, bom dia", pendurando o casaco atras da cadeira e colocando o chapeu em cima da mesa... Mas aqui em Dublin, e super comum as mulheres usarem todo o tipo de acessorios, inclusive os chapeus mais estrambolicos, mesmo para ir ate o mercado!

Da primeira vez que comprei um chapeu aqui na Irlanda, sai da loja me achando a nova Carrie Bradshaw.. tao orgulhosa de mim! Nao so meus horizontes se abriram aqui na Europa, mas tambem a minha nocao de moda atingiu todo um novo patamar.. Problema foi criar coragem e descobrir AONDE EU IA com esse chapeu.. entre o dia que eu comprei e a primeira vez que sai em publico com o tal do chapeu, la se foram 6 meses! Mas no fim das contas, percebi que por aqui ninguem esta nem ai se voce sai com ou sem chapeu, de cabelo penteado ou despenteado (algumas vezes vejo cada cabelo que desejo que a pessoa estivesse usando um chapeu ao inves de mim), e me senti livre para tentar as minhas "inovacoes fashion" como bem entendesse!

E isso ai mundo, preparado ou nao, agora EU USO CHAPEU! Ja as meia-calcas coloridas ainda estao banidas do meu guarda-roupa. Sabe como e, eu mudei, mas nem tanto!

Beauty and the Beast - a cara feia do preconceito

Adam, o host do show

Ha 2 semanas atras estreou no Channel 4 um programa novo, chamado Beauty and the Beast - the ugly face of prejudice. A proposta do show  a principio e discutir o conceito de beleza: a importancia da estetica para a sociedade, o quanto os padroes influenciam nossas acoes e atitudes, e mais ainda - o que afinal de contas e ser bonito.

A tematica nao e novidade, vira e mexe aparece na tv algum documentario, show ou reportagem discutindo a crescente obsessao das pessoas com a aparencia, e a influencia da midia (e dos padroes de beleza que ela divulga) na vida de cada um. Mas a abordagem do programa, pra mim pelo menos, e inedita: toda semana eles juntam duas pessoas que se dizem "definidas pela propria aparencia": uma das pessoas se diz "obcecada pela beleza" (geralmente uma dessas mulheres que gastam metade do salario em maquiagem e nao saem de casa sem 3 horas de preparacao) e a outra pessoa tem algum tipo de desfiguracao facial grave, por consequencia de doenca ou acidente. Por uma semana, eles mostram um ao outro como eles vivem, os lugares que frequentam, as pessoas que conhecem, e tentam mostrar o seu lado da historia, e as coisas que importam para eles.

Com esse  debate entre os dois lados do assunto, o show pretende diminuir o preconceito com as pessoas que sofrem de algum tipo de desfiguracao facial (so na Inglaterra sao mais de meio milhao de pessoas), e mostrar que aparencia nao e a unica chave para atingir sucesso ou felicidade.

Eu tenho que admitir: o programa me fez remexer desconfortavel no sofa algumas vezes. Nao so porque mostra algumas verdades de uma maneira muito direta, quase agressiva (por exemplo: ao questionar um diretor publicitario o motivo de nao haverem mais pessoas com anomalias na televisao, o host do programa Adam (na foto) ouve a seguinte resposta "porque ninguem quer olhar pra gente feia, e voce e feio", mas tambem porque me peguei questionando a mim mesma, e a minha propria atitude para com o assunto... Ninguem gosta de encarar o proprio preconceito, e me obriguei a pensar nos meus - sera que eu sou futil por reclamar tanto da minha aparencia? Como publicitaria que eu sou, eu pensaria diferente do diretor entrevistado, e escalaria alguem desfigurado para estrelar minha campanha?

Independente das respostas, eu gostei de ver um programa que trata do assunto sem ficar pisando em ovos, e sem entrar nos meritos dos motivos pelo qual foi criado (colocar em evidencia um assunto importante ou so gerar dinheiro para a emissora), achei super valido o debate.. Eu pelo menos acredito que o primeiro passo para combater o preconceito e discutir abertamente a respeito!

Se voce esta aqui na Irlanda e quiser conferir, o show vai ao ar no canal 4, as quarta-feiras 20hs. Se nao, vale a pena acessar o link e conferir, pra ver o que voce acha...

http://www.youtube.com/watch?v=TLjvF2a6Cn4 

Enfim sos...

Ontem eu e namorido completamos um ano e meio juntos... Uma semaninha depois de eu completar um ano e meio de Irlanda, porque quis o destino (ou o acaso, ou o que quer que seja...) que nos nos conhecessemos 3 dias depois da minha chegada aqui... e pra comemorar esses 18 meses de amor, nos fizemos algo que ha muito tempo nao tinhamos chance de fazer: NADA! Uma noite inteira sem fazer absolutamente nada, a nao ser tomar um vinhozinho e passar um tempo juntos, so nos dois!

Parece bobo celebrar assim, mas quem acompanha o blog sabe que ha meses tinhamos cunhado como hospede la em casa, e assim passar uma noite sozinhos, curtindo a companhia um do outro, era artigo de luxo. Mesmo quando acontecia de estarmos so nos dois, nao tinha clima pra fazer jantar romantico, porque sabiamos que a qualquer momento podiamos ser surpreendidos pela chegada do cu (o nome aqui aplica-se perfeitamente he he he), com amigos, namorada, cachorro, gato, papagaio, etc...

A questao e: se estavamos comemorando so nos dois, aonde e que o cunhado foi parar? Pois e... ventos de mudanca sopraram la em casa na semana passada, e levaram junto nosso hospede! Nao sem antes causar um vendaval que balancou as estruturas do apartamento... sim, namorido e cunhado tiveram o maior quebra pau, e quando cheguei em casa do trabalho encontrei as malas prontas e cunhado de saida!

Eu acho que briga de familia e pior que briga de marido e mulher, e nao vou nem me meter a besta de botar minha colher no que aconteceu... cada um que se resolva com o irmao que tem (eu tenho a sorte de ter uma irma linda e nao preciso me preocupar com essas coisas). So digo que por mais que quisesse ter a casa so pra gente de novo, fiquei tristinha de ver dois irmaos que sao tao proximos brigando tao feio...

Maaaaaas como o negocio e olhar o lado bom das coisas, pelo menos agora estamos enfim sos, livres para jantares romanticos, noites de filme no sofa e outras "cositas mas" (han han)...

Agora que aprendi a licao, rapidinho decidi fazer uma surpresa pra namorido e transformei o quarto de hospedes em um escritorio e "sala de videogame", como presente de 18 meses juntos (porque eu sou tao legal  ho ho ho). Agora ele tem um lugar so dele, pra jogar XBox ate cansar, estudar pra faculdade e trazer os amigos pra jogar poquer.

Resumo da historia: de uma so tacada me livrei do quarto de hospedes (sabe como e, just in case os irmaos facam as pazes), do XBox na TV da sala e da bagunca dos amigos nas noites de poquer. Ho ho ho, modestia a parte dessa vez eu mandei bem. Proxima missao: dominar o mundo... mwwwwaaaaaahhhh!

Dancando na rua...

Ate me mudar para a Irlanda, eu nunca tinha reparado nas regras de transito para pedestres. E quando digo transito para pedestres, eu sou literal... Tem regra pra andar na calcada? Pra que lado voce desvia quando tem alguem na sua frente?

A pergunta cretina tem justificativa: eu percebi recentemente que, mesmo Sao Paulo tendo milhoes de pessoas a mais andando pelas calcadas do que Dublin, por aqui eu sou muito mais propensa a trombadas e esbarroes. Ai foi que reparei: a gente tende a desviar como se estivesse dirigindo, acompanhando a "mao" do trafico! OK, sei que parece obvio (nunca falei que eu era genio mesmo), mas na pratica a gente faz esse tipo de coisa sem perceber... resultado: aqui na Irlanda, toda vez que encontro alguem vindo na direcao contraria, eu desvio pro lado errado. E acabo trombando com todo mundo, o tempo todo!! Fica um tal de da um passinho pra um lado, da um passinho pro outro, fico dancando na rua com os irlandeses a cada dois minutos...

Juntem a essa cabecice da pessoa que vos fala escreve o fato de que geralmente estou conduzindo o super-master carrinho de bebe Monstertruck, ja da pra imaginar o resultado.. estou rapidamente me tornando impopular aqui na vizinhanca pelas minhas habilidades motoras (ou falta de), e estou notando um movimento cada vez maior de pessoas atravessando a rua ao me verem!  

Eu nem estava reclamando muito, porque essa "fuga" das pessoas facilita a minha vida (menos pessoas pela frente, menos encontroes, menos roxos no joelho depois), mas minha auto-estima ja esta comecando a se sentir atingida, e estou me sentindo rejeitada pelos passantes...

Sera que existe curso de "direcao ambulante", para ensinar estrangeiros descoordenados que nao se adaptaram as mudancas de transito (mesmo aqueles que nem dirigem)?

Sai zica!

Sei que diz a lenda que agosto e o mes do desgosto, mas pelamordedeus esse fevereiro nao esta deixando por menos, a bruxa esta solta! Andei ate meio sumida, de tanta ma noticia que fui tendo na sequencia... faltou animo pra escrever (sabe aquela historia, se nao tem nada de bom pra falar...).

Mas enfim, como quem canta escreve seus males espanta, aqui estou eu, pronta para um "exorcismo literario".

Esta semana me vi passando por alguns momentos muito dificeis. Alem de momentos de tensao aqui em casa (merece um post a parte) e tambem no trabalho, fiquei muito muito triste porque na quinta-feira o Otavio, meu gatinho persa e paixao incondicional, morreu... Sabe aquele bichinho de estimacao que e que nem filho, que voce cuida mais do que tudo e seus amigos te olham torto porque acham que voce exagera? O Otavio era esse pra mim... e do nada ele ficou muito muito doente e morreu. Nem preciso dizer que fiquei DEVASTADA, ainda mais por estar aqui de longe e nem poder cuidar dele quando ele ficou doentinho...

Mas a semana nao parou por ai, e nos outros dias vi uma amiga muito querida passar por momentos muito dificeis tambem, no hospital, e tambem tive mas noticias a respeito do meu amigo que esta internado desde o comeco do ano. Fiquei com o coracao pequenininho...

Eu sei que sempre tem alguem pra falar que as coisas sempre acontecem por um motivo, e que se foi assim era pra ser assim e pronto, mas quem me conhece sabe que eu nao sou dessas. Acho que algumas coisas tristes acontecem arbitraria e desnecessariamente. Outras, como a perda de um bichinho querido, sao tristes mas esperadas, mais cedo ou mais tarde. Mas nao importa qual seja a razao (destino, shit happens ou whatever), passar por algumas situacoes na nossa vida e muito dificil, e a gente precisa de amor, apoio e paciencia pra esperar a tristeza passar e voltar a ver o lado bom das coisas. Esta semana eu precisei.

Sendo assim, queria agradecer a minha familia linda e minhas amigas perfeitas, que me deram todo amor e apoio do mundo . E oferecer em troca o meu amor e apoio pras minhas amigas passando por maus momentos. Estou aqui sempre, ombros a postos, nem que seja so pra fazer companhia e esperar dias melhores chegarem. Porque e dessa troca que a vida e feita!

E que as aguas de marco  cheguem logo, pra lavar a alma desse fevereiro fedido!

Ps: Otavinho querido, se existe um ceu pra onde vao os gatinhos, que voce esteja nele e seja feliz!

Porque de manha eu sou ranzinza!

Na minha vida anterior, eu tinha meu carro. Nao era assim aquele carro que nooooooossa que carrao, mas era meu. E apesar de  ele passar mais tempo na oficina do que na garagem (cortesia da minha falta de habilidade como pilota), a gente se amava.

Aqui na Irlanda eu ando de onibus. Quer dizer, eu ando a pe, de onibus, de trem, de ovelha, de qualquer coisa... mas pra ir pro trabalho, eu uso o onibus. E apesar das minhas 479 reclamacoes a respeito dos onibus aqui, o sistema ate que funciona. Mas assim, funciona no jeito irlandes de ser, naqueeeeele sossego...

Por exemplo: eu pego o onibus todo dia as 8 em ponto. Isso quer dizer que chego no trabalho exatamente na hora, nem um minuto a mais, nem um a menos (ja que nao ganho hora extra, isso se nao se chama preguica, se chama otimizar o tempo). Mas isso so funciona quando o motorista decide colaborar. Porque dependendo do dia, levo ate quinze minutos a mais, de tanto o onibus parar pra esperar uma pessoa correr ate o ponto (por quase um quarteirao), esperar uma senhorinha terminar uma conversao proibida (sem nem uma buzinadinha pra apressar), ou o motorista gastar uns bons minutos conversando com um senhor parado no ponto (que nao vai tomar o onibus, alias). Eu, com meu jeito paulistano apressadocomhorapratudo de ser, vou ficando mais e mais estressada a cada nova paradinha que o motorista faz, e ja chego no trabalho num bom humor que da ate orgulho!

O que me intriga e que eu olho em volta e NINGUEM parece incomodado.. esta todo mundo la relaxado, lendo um jornal ou olhando a paisagem, nem reparando que o motorista parou no sinal amarelo DE NOVO ao inves de acelerar enquanto dava tempo.

Mas hoje o motorista chutou o balde, e quase me fez pular pela janela pra ir trabalhar a pe, de tanto desespero... estamos la passando por Dun Laoghaire, quando sem mais nem menos o onibus encosta e para. Olho pra um lado, olho pro outro, e nada. Nem no ponto estamos. Ai vejo o motorista, na maior paz, desligar o onibus, fechar a porta com todo mundo pra dentro, e entrar NUMA CAFETERIA!! Deixou todo mundo esperando e voltou uns 5 minutos depois, cafezinho na mao, cara de nem ai...  

Gente, 5 minutos! 5 minutos sao quase dois intervalos da novela INTEIROS,  trancada dentro do onibus, olhando pro relogio e pensando na desculpa que vou falar pro chefe pra estar atrasada DE NOVO (porque vamos combinar que a historia da cafeteria nao ia colar com ninguem)... Olho pro lado pra comentar com a senhora perto de mim o absurdo da situacao, e antes de eu falar qualquer coisa, ainda ouco essa:

- Ah, o tempo esta bom pra um cafezinho mesmo ne... 5 minutinhos nao matam ninguem!

COMO ASSIM MINHA SENHORAAAA... ja estou 5 minutos atrasadaaaaaa... Se fosse em Sao Paulo, quando o motorista voltasse o onibus nao tinha nada inteiro dentro, tinha acontecido uma rebeliao ja.. alias, quando ele voltasse o onibus nem estava mais la, provavelmente! Mas aqui, todo mundo achou NORMALISSIMO ele parar pra um cafezinho em pleno horario do rush de manha!

Nessa hora duas coisas  vieram na minha cabeca: 1. voce pode tirar um paulista de dentro de Sao Paulo, mas nunca Sao Paulo de dentro de um paulista. E 2. que saudade do meu carrinho!

Tem dias que a gente se sente...

Que ser expatriada e dificil, isso eu ja estou cansada de saber, e estou aos pouquinhos aprendendo a contornar. Agora, tinha esquecido que mais dificil que ser expatriada e ser mulher, e lidar com todas as sutilidades e ambiguidades que a gente passa sem nem entender direito o que e...

Porque ok,  uma coisa e voce aprender a lidar com a saudade de quem ta longe, a depre por nao estar no seu pais, ou a superar as diferencas culturais. Mas e quando bate aquela tristeza bem de mulherzinha (me perdoem os antropologos de plantao pela minha abordagem sexista, podem me chamar de mulher machista), daquelas que a gente nao sabe nem como nem por que aparece, e pior ainda, como faz pra melhorar?

Pra saudade existe o Skype, pra solidao existem as amigas, pra carencia existe namorido. Mas e pra aquela sensacao de "nao sei o que", aquela angustiazinha que a gente nao consegue nem explicar direito o que e, muito menos sabe como resolver... existe remedio pra isso? Se sim, peco encarecidamente aos leitores de plantao que me enviem a formula (conselhos, simpatias ou meras manifestacoes de simpatia tambem sao bem vindos). Porque ha dois dias acordo assim como diz meu lindo Chico Buarque, me perguntando se "a gente estancou de repente ou foi o mundo entao que cresceu..."...

E enquanto ao ouvir as musicas que falam dessa tristeza da alma eu entendo muito bem a que elas se referem, na minha vez de sentir, fico mesmo e perdida, Porque se tento seguir o que sinto, quero ao mesmo tempo ficar sozinha e me sentir cuidada, nao falar nada e tambem conversar sobre isso... Fico tentando transmitir em acoes ou palavras o que estou sentindo, e acabao ficando so mais e mais frustrada. Entao por enquanto, vou ficando quietinha, so esperando passar...

Porque se e que o Chico tem razao (e ele sempre tem),  daqui a pouco chega a roda-viva e carrega a tristeza pra la...